Experientemente perguntar a uma
militante do movimento negro em qual mês a sua agenda fica mas lotada, a
resposta tem uma grande probabilidade de ser o mês de novembro, comigo não é
diferente e fico muito feliz em poder acolher alguns convites.
Em algumas das
minhas idas nas escolas que geralmente promovem a semana consciência negra um
fato me chamou atenção, eu estava caminhando
para o fim da minha oficina quando uma das alunas me parabenizou e perguntou
qual o professor tinha feito o convite,
eu respondi dizendo o nome de uma professora, a sala toda ficou assustada com a
situação e eu mais ainda com a cara de espanto dos alunos/as.
Questionei o que estava acontecendo e
o espaço se tornou um momento de desabafo e denúncia do quanto a professora que
me fez o convite era racista, e que já tinha humildado uma aluna por ter
cabelos crespo com química, ao ponto da menina sempre que percebia que o cabelo
estava seco ir no banheiro molhar para abaixar o volume e não ser motivos de risos, a aluna que me relatou isso
em sala de aula disse que já tinha encontrado a menina no banheiro chorando e
que a mesma professora já tinha sido racista com ela também , quando estava com
dreads de lã, falou que o cabelo dela
era muito bonito para deixar parecendo algo sujo.
Na
mesma hora, vi o quanto a data pode ser conveniente para professores que
pratica racismo de forma sutil e
naturalizado utilize-a como um meio de remissão ou álibi diante de acusações. As
escolas precisam desenvolver consciência negra escolar, para que a data não
seja utilizada apenas quando convém e com práticas equivocadas, como a permissão de fantasias de pessoas
escravizadas, adereço em sua maioria das vezes reservados para alunos negros. Sabemos
das dificuldades da praticar a lei 10.639/03 diante do racismo institucional,
diante da expressão do conservadorismo religioso nesse espaço e outros fatores,
mas existe outro meio para que nós que se colocamos no lugar de educadores
incentivemos novas metodologias anti racistas em espaços de troca de
conhecimento.
deixo aqui 4 dicas que podem
auxiliar a pensar a consciência negra para além do dia 20.
1.
A
CONSCIENTIZAÇÃO PRECISA ALCANÇAR NÃO APENAS OS ALUNOS MAS TAMBÉM OS
EDUCADORES/PROFESSORES/GESTORES.
a
semana da consciência negra é uma estratégia importante para a conscientização
dos alunos, entretanto também pode ser para a conscientização dos educadores das
escolas. Que tal pensar uma data para um bate papo sobre educação racial e
respeito as diferencias no espaço escolar com os professores? é uma forma de
que toda a escola esteja engajada no combate ao racismo, além de diminuir a
manifestação do mesmo por parte dos professores.
2.
AUXILIAR
NA CONSTRUÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE MILITÂNCIA E EXPRESSÕES ARTÍSTICAS POR PARTE
DOS ALUNOS E ALUNAS NEGRAS.
Atualmente tem surgido vários
grupos de manifestação artísticas nos
espaços escolares, aqui em recife a partir do movimento do passinho tivemos um salto
na quantidade de grupos de dança que se formaram no espaço escolar. As críticas
são muitas, por ser um dança de origem periférica para além do preconceito os
jovens em sua grande maioria negros sofrem violência policial sem nem entender
os motivos que se relaciona com o racismo. A minha dica é que para além de não
se manter contrário a manifestação promover debates sobre o assunto relacionando
a questão racial e a de território.
3.
FALAR
DO NOSSO PROCESSO HISTÓRICO A PARTIR DE NARRATIVAS NEGRAS É IMPORTANTE MAIS
VOCÊ TAMBÉM PODE FALAR SOBRE AS NOSSAS CONQUISTAS ENQUANTO GRUPO RACIAL.
apresente ao alunos o estatuto da
igualdade, explique sobre a lei de cotas, diga que temos uma lei que determina
o ensino da história e cultura afro brasileira nas escolas. Fazendo isso, incentivamos
que os alunos e alunas reivindique e
conheçam seus direitos.
4.
CRIAÇÃO
DE UMA OUVIDORIA NO ESPAÇO ESCOLAR.
Para
além do racismo os/as alunos/as vivenciam outras opressões participar da
construção de um modelo de escola que respeite as diferencias faz com que os
alunos se sintam parte dela. A ouvidoria pode ser utilizada como um espaço de
sugestões, demandas, denuncias e elogios, a mesma pode ser feita virtualmente
por meio de um questionário interativo ou disponibilizando- a de forma física,
o importante é que durante o mês seja verificado as demandas no gerais para que
a escola tome providências a partir do que os alunos trazem de necessidades
imediatas.
Esse texto não tem a intenção de esgotar um
debate sobre a importância da data, mas mostrar que a consciência negra que
tanto falamos no mês de novembro deve ser praticada no nosso dia a dia. Espero
que essas dicas iniciais consiga destravar mentes que se prendem ao mês de
novembro para pensar ações contra o racismo.
Por : Biatriz Santos 11/11/2019
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