COLETIVO DE JUVENTUDE NEGRA CARA PRETA
FUNDADO EM 17 DE FEVEREIRO DE 2016
CARTA DE PRINCÍPIOS
O Coletivo De Juventude Negra Cara
Preta, foi fundando em 17 de fevereiro de 2016, por meio de
uma reunião realizada com os militantes do segmento de juventude negra que
atuavam de forma individualizada. Motivados pelo desejo de que jovens negros e negras historicamente marcados pelo
racismo e marginalização social, pudessem se organizar de forma contínua, e
possibilitar que esse segmento racial e geracional (jovens) ganhasse mais
representação para falar, reivindicar, e denunciar suas questões no estado
Pernambuco.
Tem como missão a luta pela emancipação
política e social da/pela juventude
negra e atrelado aos seus objetivos, a construção de uma sociedade sem
discriminação de raça, classe, gênero, religião e sexualidade.
Entende como negro/a todo
aquele/a que possui na cor da pele, no rosto ou nos cabelos, sinais
característicos dessa raça, sendo a intersecção e diálogo do conjunto de características ,fator determinante da identificação social e
na ação do racismo.
Reunidos em assembleia
na data 14 de janeiro de 2018, assumimos os seguintes Princípios de organização e Luta, os quais fundamentam a ação
política de todo e qualquer militante/ativista do coletivo de juventude negra
CARA PRETA.
DOS PRINCÍPIOS ORGANIZATIVOS
COMISSÃO EXECUTIVA: A comissão executiva é formada por representantes das comissões
estabelecidas no estatuto e ativas na dinâmica/ dia a dia do coletivo. Tendo os
representantes a opção de renunciar o cargo executivo, onde de forma
democrática, caso necessário haverá a votação dos que participam do grupo de
trabalho e dos demais membros do coletivo em caráter de peso e contra peso.
PROTAGONISMO JUVENIL: O coletivo será administrado apenas por jovens negros
e negras. Entendemos juventude pelo que estabelece o estatuto do seguimento.Logo
estão aptos ao ingresso jovens negros/as de 15 a 29 anos de idade.Após a
superação da faixa etária, poderão continuar atuando auxiliando em outras
esferas do coletivo, porém sem que
esbarrem no protagonismo juvenil.
DIVISÃO DE TAREFAS: Em todas as atividades e instancias deve-se
distribuir as tarefas entre o maior número possível de militantes e dar
responsabilidade individual pelas tarefas e funções.
SÓ VOTA QUEM PARTICIPA: Não será possível
o voto e nem a reinvidicação de
falas, de integrantes faltosos em ações, reuniões e em outras atividades do
coletivo.É preciso aviso prévio das suas faltas e caso não possa fazê-las
brevemente, comunicar nas reuniões do
coletivo.Em casos de assunto delicado
comunicar a comissão executiva.
DISCIPLINA: Todos os militantes tem o dever de respeitar o que foi
decidido no coletivo. É preciso cumprir com suas tarefas e obrigações.
PLANEJAMENTO: Todas as atividades a serem desenvolvidas precisam
ser planejadas antes, e distribuídas as responsabilidades e funções.Sendo
necessária a criação de métodos e ferramentas para avaliar a desempenho das
atividades e avaliações periódicas do coletivo.
CRÍTICA E AUTOCRÍTICA: Por meio da prática de avaliações
periódicas, os militantes poderão realizar sua autocrítica e ao mesmo tempo
criticar os erros individuais e coletivos dos demais para corrigir nossos
erros. As críticas somente devem ser feitas em reuniões do coletivo.
ESTUDO:
Cada militante, membro de instancias ou não, deve ser estimulado e ser
desafiado a sempre estudar. Conhecer os documentos da organização, estudar a
realidade dos seus recortes raciais e sociais, e das bandeiras levantadas pelo coletivo.
Tendo a organização o dever de oferecer conhecimento por meio de formações.
VINCULAÇÃO
PERMANENTE COM AS MASSAS: Todos os militantes, em todos os níveis, devem manter
vínculos permanentes com o população alvo do nosso trabalho. Participar das
atividades nas bases, envolver-se conhecer e participar de construções as quais
o coletivo ache necessário.
AUTÔNOMIA POLÍTICA: O coletivo de juventude negra é um
movimento horizontal, autônomo, independente e apartidário, mas não
antipartidário, o que significa dizer que não temos ligação direta ou
indiretamente com partidos políticos. Entretanto, reconhecemos a importância
dos mesmos na construção de uma sociedade democrática.
II- DOS PRINCÍPIOS DE LUTA
FEMINISMO NEGRO: A luta contra opressão das mulheres negras e
combate ao machismo é parte indissociável do nosso dia a dia. Reconhecer a
importância da luta histórica e diária das mulheres negras é dever de todos os
membros dos coletivos, assim como o lugar de fala.
JUVENTUDE NEGRA VIVA: apesar de ser um direito constitucional, o direito a vida para a população negra sempre foi
negado, socialmente somos compreendidos/as como corpos vulneráveis e
descartáveis, e por isso lutamos pelo direito de viver nas suas mais variadas compreensões.
BEM VIVER: Para a construção do
bem-viver é necessário dispor das mediações materiais, políticas, educativas e
informacionais não apenas para satisfazer necessidades biológicas e culturais,
mas para garantir, de forma ética, a realização de tudo o que possa ser
concebido e desejado pela liberdade pessoal que não negue a liberdade pública.
DESMILITARIZAÇÃO: Entendemos que a o formato de polícia que temos
hoje ainda trás consigo resquícios de todo um processo da ditadura militar, que
se expressão na máxima de violência, e na necessidade de prisão como correção.
Levantamos a bandeira da desmilitarização pelas nossas vidas que do modelo
posto sempre é o alvo e o corpo mais violentado.
TRABALHO NAS COMUNIDADES: Devemos nos dedicar permanentemente ao trabalho
de conscientização, de esclarecimento, de debate com as comunidades periféricas. É esse trabalho
de conscientização e de organização do povo, nas periferias, em grupos de famílias,
núcleos de militantes que gera a força organizada, em torno de um mesmo
objetivo.
LUTA CONTRA AS OPRESSÕES:
Lutamos visando o enfrentamento de todos os formatos e
expressões de opressões entendendo que a construção de um projeto societário
ideal para todos e todas se dará a partir do incentivo a igualdade, ao respeito
e a equidade.
III_- DAS QUALIDADES IMPRESCINDÍVEIS DE UM MILITANTE DO COLETIVO DE JUVENTUDE
NEGRA CARA PRETA.
HUMILDADE: Respeitar sempre a opinião dos demais e da maioria.
Ouvir mais do que ditar. Aprender mais do que ensinar. Nunca se esquecer que a
força vem do povo organizado.
SER ESTUDIOSO: Quem acha que já sabe tudo, não sabe nada. Todo dia
é momento de aprender mais alguma coisa.
SABER ESCUTAR: Ouvir e escutar são duas ações diferentes. Quando paramos
para escutar damos a devida atenção ao que estar sendo discutido. A escuta
ativa faz parte do processo da nossa construção coletiva.
SER COMPROMISSADO:
Responsabilidade com o Coletivo,
seja em reuniões, pautas , discussões propostas.
Está disposto a solucionar
problemáticas internas, interagindo sempre nos fóruns de debate.
UM/UMA SOBE PUXA O OUTRO/OUTRA:
Entendemos
que nossos passos vêm de muito longe, e que antes das ações que essas jovens
negras estão realizando em seus territórios, assim como nós, jovens negras que
compõem o Coletivo de Juventude Negra Cara Preta, passaram muitas outras
mulheres negras que abriram os caminhos, iniciaram lutas, travaram
grandes batalhas pela emancipação das mulheres negras e do povo negro, e
devem ser sempre lembradas e referenciadas. Contudo, é necessária a criação de
iniciativas que façam jovens negras se reconhecerem nas outras. O ato de olhar
para trás é necessário e faz parte do processo de reconhecer, referenciar e
respeitar quem veio antes de nós. O olhar para frente, é fundamental em
respeito as mulheres negras que ainda continuam a luta e nos encorajam a
prosseguir. Mas olhar para os lados, é crucial e fundamental para que possamos
dar as mãos na luta a qual estamos dando continuidade.
A inclusão de princípios ou exclusão e revisão do mesmos só será
possível por meio de assembleia geral e
comum acordo da maioria da executiva.
Assinam fundadores e cargos executivos:
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